Uma só palavra

Numa única meia hora de viagem de carro consegui (i) cantar de olhos sorridentes uma música que adoro com voz oriunda do diafragma, (ii) berrar palavras comecadas por C para outro automobilista, enquanto gesticulava ameaças de punho fechado na sua direção e o meu coração palpitava raivosamente e (iii) chorar lágrimas sinceras de miséria profunda por alguma tristeza momentânea. 

Só fui apresentada às montanhas russas abismais que o mundo levianamente apelida de TPM aos 31, pelo que ainda estou a enfrentar esta realidade com espanto.

Bem ditos sejam os cubículos das casas de banho dos escritórios que permitem acolher com discrição a angústia repentina que ocasionalmente afoga olhos e aperta gargantas femininas só porque ao retirar um agrafo de um molho de folhas um dedo foi ligeiramente picado, ou porque o ar condicionado está demasiado frio e o casaco disponível não combina a 100% com a roupa que se trouxe, ou porque alguém a quem perguntámos se já tem almoço combinado não respondeu de forma excessivamente feliz ou simplesmente porque NADA!

Glória a todas as mulheres que habitam este mundo e que as têm histéricas dentro de si e ainda assim nestes dias ousam colocar as suas cabeças fora de casa e viver.

HORMONAS!, gritamos bem alto, de bocas escancaradas sorridentes e olhos lacrimejantes.